quarta-feira, 16 de março de 2011

Padre Reginaldo Manzotti: E a sua família, como vai?

Rio - Sempre  que me perguntam sobre conflitos familiares, proponho uma reflexão sobre a Sagrada Família de Nazaré e seus ensinamentos tão aplicáveis ao nosso dia a dia. Aproveito aqui para destacar, em particular, o exemplo de vida de São José, esposo da Virgem Maria, cuja festa litúrgica é celebrada todos os anos em 19 de março.

Diferentemente das cobranças existentes ainda hoje dentro de muitos casamentos, em que a qualidade de um marido está subordinada à sua capacidade de sustentar sua família e proporcionar-lhe visível conforto, em São José encontramos a verdadeira essência do bom companheiro: esposo fiel e homem de família dedicado, aceitou o exílio e as mudanças e não desistiu da paternidade frente a tantos infortúnios. Compreensivo, soube discernir suas inquietações, mesmo no que se referia à virgindade de Maria, superando-as na oração e não nas rodas de amigos, onde as piadas tratam a sexualidade como objeto de humor barato.

São José também mostrou ser um homem justo, virtude cada vez mais rara, principalmente numa sociedade em que a injustiça e a corrupção já se tornaram tão frequentes a ponto de muitas pessoas não saberem mais distinguir o comum do normal. Como padre, não posso eximir-me e deixar de alertar para essa grande diferença.

Hoje, pode até ser comum um político estar envolvido em escândalos de apropriação indevida de recursos públicos, assim como pessoas anônimas fazerem de tudo para conquistar fama e dinheiro, mas não me venham dizer que isso é normal. Ser íntegro e ganhar o pão com o fruto do próprio trabalho ainda é o que todo homem de bem deve ensinar aos seus filhos, assim como fez São José.

Olhar para São José e para a Sagrada Família é, sem dúvida, um convite para que olhemos para a qualidade de nossos relacionamentos, cabendo aqui uma pergunta muito simples, porém de grande profundidade: E a sua família, como vai?

A família é o ponto mais sensível da sociedade, onde deságuam todos os problemas, como desemprego, violência, dependência de drogas, conflitos sexuais e outros. Temos de cuidar muito bem dela. Muitos referem-se à família como uma entidade à parte. Não. Cada um de nós é família, e temos responsabilidade para com aqueles que são nossos familiares. Quando me perguntam: “Padre, o que eu faço?”. Respondo: seja a ponte, dê o primeiro passo para construir algo de novo.

A propósito da Festa de São José, há um costume no qual depositamos numa vasilha 19 papeizinhos com o nome das frutas preferidas. Em seguida, retiramos um deles e, por penitência, passamos um ano inteiro sem comer a fruta indicada. Toda penitência é válida e podemos aprofundar o assunto em outra oportunidade; por ora, à luz desse costume inspirador, proponho que se tente algo similar em favor da paz familiar: liste os problemas enfrentados no convívio do lar, incluindo seus próprios defeitos. Ao retirar o papel e constatar o erro descrito, inicie luta sem tréguas para não mais cometê-lo.

Todos os que se empenharem com afinco, certamente, no próximo 19 de março, estarão com menos pedras, dores, mágoas e feridas no coração e um pouco mais parecidos com São José. Que assim seja.

Fonte: O DIA

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